sábado, 12 de setembro de 2009

Uma homenagem ao 1º GAvCa


Quebro esse momento de oração para fazer uma homenagem a todos àqueles que, no dia 6 de outubro de 1944, integraram o 1º Grupo de Aviação de Caça do Brasil e desembarcaram no porto de Livorno, na Itália, para participar da 2ª Guerra Mundial, integrando o 350º Fighter Group. Faziam parte do grupo 466 pessoas: 49 pilotos e 417 homens de apoio.
Homens que, como nós, tiveram muitas orações e ainda hoje buscam, nas palavras de Deus um agradecimento pela bravura e por cada dia que passaram em vida com a esperança de poderem voltar a sua pátria e para os braços de seus queridos familiares.

O 1º Grupo de Aviação de Caça foi instituído pelo Decreto n.º 6.123, de 18 de dezembro de 1943, tendo sido nomeado comandante da Unidade o então Major Nero Moura e sua formação baseada no regime de voluntariado.

O curso de caça foi realizado no Panamá na Base Aérea de Aguadulce com a utilização de aviões de caça P-40 Warhawk; em 11 de maio de 1944 o 1º Grupo passou a operar independentemente no esquema de defesa do Canal do Panamá. Este estágio teve fim no dia 22 de junho de 1944. Do Panamá o grupo foi transferido para Suffolk, Long Island, EUA, aonde chegaram no dia 16 de julho. Em Suffolk o 1º Grupo foi apresentado ao seu "cavalo de batalha": o Republic P-47 Thunderbolt. Todo o treinamento já realizado nos P-40 foi repetido no P-47. A estada em Suffolk se prolongou até 10 de setembro. Dali embarcaram para a Itália no dia 19 de setembro e chegaram no dia 6 de outubro em Livorno partindo de imediato para a Base Aérea de Tarquínia.

Ao chegar a Tarquínia o 1º Grupo passou ao controle operacional do 350th Fighter Group, este passando a ter sob seu controle mais um esquadrão (na organização da USAF o 1º Grupo equivalia a um esquadrão), que era denominado pelos americanos como o 1st Brazilian Fighter Squadron. O restante do 350th era composto pelos esquadrões americanos 345th, 346th e 347th. O 1st Brazilian Fighter Squadron recebeu o nome de código Jambock que usou até fim da guerra e usa até hoje.

"Senta a Pua!", "Jambock", que expressões estranhas são essas?

O "Senta a Pua!" foi uma gíria que surgiu no Nordeste do Brasil na década de 40. Bem, e qual é a ligação com o 1º GAvCa? Entre os voluntários selecionados havia muitos jovens de origem nordestina oriundos de bases na Bahia e no Recife e outros que estavam servindo nos Afonsos, Rio de Janeiro, que utilizavam bastante a gíria. Aos poucos o "Senta a Pua!" foi se integrando ao cotidiano do grupo e começou a se tornar comum os exemplos a seguir: "Hoje vou sentar a pua no vôo noturno", ou "Senta a pua número quatro, estás atrasado!". Assim, a expressão viajou ao Panamá, Estados Unidos e foi parar no teatro da Itália. Mas, afinal, o que significa "senta a pua!"? Sentar a pua é uma expressão com vários significados e pode ser entendida nesse contexto como não correr da luta, lançar-se sobre o inimigo com convicção e vontade de vencê-lo não importando o perigo e a adversidade.

Jambock. Quando o nome de código foi dado ao grupo logo se quis saber o que significava tal expressão. A resposta veio do oficial de inteligência do 350th: "Jambock significa chicote". E assim ficou sendo pelo menos por mais 25 anos, até que em 1969 o Coronel Aviador Rui Moreira Lima, integrante do 1st Brazilian Fighter Squadron, descobriu que o Jambock não é um chicote qualquer. A palavra tem origem na Indonésia. Lá havia uma vara de madeira para castigar escravos, chamada por eles de sambok. Mais tarde, a palavra e o instrumento de tortura foram levados para a Malásia. Quando os escravos malaios foram levados pelos ingleses para a África do Sul, introduziram o sambok na língua afrikaan, em 1804 com a mesma grafia. Os brancos sul-africanos passaram a adotá-la com a grafia diferente, sjambok. Na África do Sul o sjambok de madeira foi substituído por um chicote feito de couro de rinoceronte ou hipopótamo velho com a mesma função, instrumento de tortura. Por ironia do destino o chicote utilizado por brancos contra negros na África do Sul foi utilizado mais tarde por jovens brasileiros, só que com grafia diferente - sem o s e americanizado com o c - contra o arianismo de Hitler.

Outro símbolo característico do 1º Grupo de Caça é sua bolacha. Ela surgiu durante o deslocamento entre os Estados Unidos e a Itália. Sua autoria é fruto da criatividade do, na época, Capitão Fortunato Câmara de Oliveira. Quem vê a bolacha pela primeira vez quase sempre pergunta: um avestruz!? O que tem a ver? Bem, essa história tem início no Panamá. Foi lá que o grupo tomou contato pela primeira vez com a cozinha americana. Uma dureza! No rancho americano havia de tudo - segundo relatos até feijão branco com açúcar se comeu. A ordem era não ficar com fome! Assim, entre si os brasileiros começaram a se chamar de avestruzes.

Abaixo, a interpretação dada à bolacha que foi pintada nos P-47 e que o F-5 hoje ostenta:

1. A faixa dupla verde-amarelo que circunda o avestruz simboliza o Brasil.
2. O avestruz retrata a velocidade e maneabilidade do avião de caça, como também o estômago dos veteranos do 1º Grupo de Caça.
3. O boné representa o piloto da FAB.
4. A armadura, a robustez do Thunderbolt e a proteção ao piloto.
5. O fundo azul e as estrelas, o céu do Brasil com o Cruzeiro do Sul em destaque.
6. A pistola insinua a potência de fogo do P-47 (8 metralhadoras .50, 2 bombas de 500 libras, 1 bomba de "napalm" ou gasolina gelatinosa e 6 foguetes de 105mm).
7. A nuvem cúmulo, o espaço aéreo.
8. A bolota de fumaça negra e os estilhaços, a artilharia antiaérea inimiga.
9. O fundo vermelho eterniza o sangue derramado pelos pilotos mortos e feridos em combate.
10. A exclamação "Senta a Pua!" é o grito de guerra dos homens que fazem parte do 1º Grupo de Caça de ontem e de hoje.

Retirado do site: http://www.caoquira.com.br/senior/sentapua.htm

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